sexta-feira, 10 de maio de 2013

BOA...



Organizações não-governamentais da Guiné-Bissau que lutam contra a excisão genital feminina estão a promover comunidades livres de tal prática, de acordo com um novo plano de luta hoje apresentado em Bissau.
No sábado será feita a primeira declaração pública no bairro de Bissaque em como ali se abandonou a mutilação genital feminina, no âmbito de um projeto de sensibilização da organização OKANTO.
A OKANTO, com outras três organizações não-governamentais faz parte do projeto DJINOPI (Djintis Nô Pintcha - vamos em frente), que desde 2010 tem como objetivo lutar contra a prática da mutilação genital feminina (fanado de mulheres).
Maria Domingas Gomes, presidente da DJINOPI, explicou hoje que depois de uma intensa fase de sensibilização é chegada a hora de as comunidades começarem a fazer declarações públicas de abandono da prática.
A DJINOPI atua nos bairros de Bissau, onde quer mudar mentalidades e "consciencializar a população de que a excisão feminina não é uma norma religiosa mas sim uma grave ameaça à saúde física e psicológica das crianças e das mulheres, assim como uma violação dos direitos humanos", disse Domingas Gomes.
Até 2014, acrescentou, a organização vai consolidar a presença nos bairros, porque "o trabalho não termina com as declarações públicas".
A responsável lembrou que um passo importante para pôr termo à prática foi a declaração dos líderes islâmicos, que em fevereiro passado pronunciaram no parlamento uma Fatwa (decreto religioso) proibindo a prática da excisão e afirmando que a mesma não é prática do Islão nem "é do Islão". A Guiné-Bissau é um Estado laico mas quase metade da população é muçulmana.
Maria Domingas Gomes disse estar convencida de que o corte do clitóris das crianças é uma prática já menos comum em Bissau, pelo menos nos bairros onde a DJINOPI trabalha, dando como exemplo o de Bissaque, onde foram as próprias fanatecas (mulheres que fazem a excisão) que disseram estar prontas para fazer a declaração.
"Hoje as fanatecas são nossas colaboradoras nos bairros", garantiu a responsável, ainda que não possa dizer que a prática tenha sido completamente extinta.
Na Guiné-Bissau a excisão genital feminina é proibida mas continua a fazer-se de acordo com responsáveis que trabalham nessa área a nível nacional. Estima-se que no país cerca de 50 por cento das mulheres entre os 15 e os 49 anos foram excisadas, sendo mais comum nas comunidades islâmicas, especialmente do leste do país.
"Estima-se que entre 272 mil a 500 mil mulheres e meninas estão expostas à excisão na Guiné-Bissau", praticada em crianças entre os três meses e os 14 anos, dependendo do grupo étnico, segundo números de Domingas Gomes. No mundo a prática atinge três milhões de mulheres em 28 países.

LUSA

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